Apaixonadamente seu - 9 - Novos rumos.

Apaixonadamente seu - 9 - Novos rumos.

Eu tinha dez anos quando meu pai deixou minha mãe. Eu sabia que ele tinha ido embora por causa de outra mulher, mas ate então eu não sabia quem. Minha relação com meu pai nunca foi boa pois ele me achava um pouco… digamos diferente… afeminado. Sabe aquelas frases “Anda direito! Que fala mansa é essa? fala como homem! Precisa mexer assim com as mãos para falar?” Nos pouquíssimos encontros que tivemos depois que ele nos abandonou era isso o que eu ouvia dele então comecei a recusar seus convites geralmente um dia depois do meu aniversário ou na semana do natal, ele então passou a enviar os presentes pelo correio até que decidiu não me enviar mais e assim nossa comunicação terminou ate… o dia em que recebi a notícia que ele havia falecido alguns meses antes de eu conhecer Eliot. 

Meu pai tinha construído uma empresa do nada, começou com uma loja virtual e foi crescendo sempre charmoso, cativante com as mulheres um safado, mulherengo, por diversas vezes vi minha mãe chorando vendo seus perfis em redes sociais, mas quando ela me via disfarçava, não gostava de falar mal dele perto de mim. Quando recebemos a notícia de sua morte também fiquei sabendo que herdaria a empresa natural, afinal até onde eu sabia eu era o seu único filho, havia rumores que ele tinha feito vasectomia. Um advogado da empresa disse que me auxiliaria com todo o processo do inventário e o procedimento de posse da empresa com o falecimento de minha mãe apesar de eu ser filho único um novo processo se iniciou, mas foi mais rápido afinal ela não tinha bens em seu nome a não ser a nossa casa onde morávamos  e porque um novo processo? Porque oficialmente eles não haviam se divorciado.

Eu estava no hotel com Henrique quando o advogado da empresa me ligou não havia atendido antes suas insistentes ligações, pois eu havia mudado de número e celular e não tinha salvo o número dele neste novo celular. De acordo com o Advogado eu ja poderia tomar posse da empresa e dos bens, ja estava tudo em meu nome.

O tempo em que passamos no hotel foi maravilhoso, aquilo tudo parecia um sonho. Segunda feira ja fui direto para a empresa e lá conheci Roberto que tinha assumido a gerência da empresa ele era amigo de longa data de meu pai e seu braço direito nos negócios seu sócio minoritário na empresa também. Segundo ele meu pai tinha planos para mim na empresa o que confesso que me pegou de surpresa, nunca pensei que meu pai pensaria em me dar um cargo na empresa, mas ele não só pensava como já havia desenhado um projeto de como eu aprenderia todo o fluxo da empresa e para me auxiliar a aprender tudo Alvaro. 

Não fui apresentado a Álvaro como dono da empresa mas como trainee, eu não queria mentir, mas Roberto disse que assim seria melhor, pois eu poderia me misturar melhor com os funcionários e entender de fato o que acontecia em cada etapa da empresa sem ter um rótulo. Não foi apenas minha real relação com a empresa que decidi ocultar de Alvaro, achei melhor não falar sobre meu meus relacionamentos também afinal meu pai era um cara homofobico e apesar de todo aquele circo armado por ele para eu assumir a empresa ate então ele havia me escondido de todos ali ate agora.  Álvaro parecia não ter percebido que eu era homossexual e resolvi deixar assim. Ele era um cara super legal, aos poucos fomos nos tornando cada vez mais amigos e próximos era ótimo ouvir ele falar sobre os processos da empresa, me apresentar aos outros funcionários me fazendo me sentir aceito e bem recebido. Alvaro não so me repassava as informações, mas se mantinha aberto a me ouvir, me questionava sobre minha opinião, era inteligente, bonito e era muito bom passar o dia com ele pois além de inteligente, agradável, atencioso ele me fazia rir.

Se por um lado eu estava vivendo uma reviravolta em minha vida profissional e pessoal de modo positiva, no lado afetivo as coisas não estavam indo tão bem quanto eu gostaria. Se de início meu relacionamento com Henrique tinha sido surpreendentemente rápido, intenso e mágico parecia que a magia estava se esvaindo.

Após voltarmos do fim de semana no hotel o que devo novamente enfatizar foi como um sonho de tão maravilhoso Henrique voltou a faculdade e sua vida parecia que tinha voltado de onde parou antes do acidente, por ser alguém muito charmoso e carismático sua volta foi um acontecimento e choveu de convites de festas, comemorações e convites para barzinhos era como se ele tivesse ido para o exterior e voltado. Confesso que fiquei um tanto desapontado com sua atitude, pois imaginei que ele me incluiria de imediato em seus planos em sua vida, mas não foi o que aconteceu.  Henrique preferiu que continuássemos no sigilo sem assumir nossa condição de namorados, o que de certa forma concordei, afinal eu sei que não é fácil se assumir. Henrique até chegou a me convidar para algumas festas, alguns encontros, mas foram como antes, perto das outras pessoas, era como se eu sumisse. 

_ Serio Henrique? È assim que vai ser então?

Pergunto irritado gesticulando e Henrique se fazendo de desentendido.

_ Não sei do que você está falando, eu não fiz nada!  

_ Realmente não fez, não falou, não me incluiu, esse é o problema Henrique! Eu estava la, mas era como se não estivesse. Não estou pedindo para você me agarrar me beijar em público, mas você sabe muito bem que eu mal conhecia aquelas pessoas, eu estava deslocado, porque você não me apresentou, me incluiu nas conversas, me fez me sentir mais a vontade?

_ Como você não conhecia? são praticamente todos da nossa época de escola e sinceramente nem percebi que você não estava curtindo…

_ Não percebeu porque você não presta a atenção em mim, estava mais interessado no decote da Letícia, na bunda da Valesca, nas investidas da Iara! Quer saber para mim hoje ja deu, eu vou para casa!

Abro a porta do quarto de Henrique e quase que a mãe dele cai sobre mim.

_ Nossa eu ja ia abrir a porta…

Diz dona Ana nitidamente desconcertada por ter sido pega ouvindo atrás da porta. A mãe de Henrique me pergunta o que estava acontecendo o porque daquela discussão. Eu digo que não era nada e vou saindo, mas ela me acompanha insistindo e diz que o filho esta se esforçando, mas que ele precisa de um pouco de paciência para mudar e que iria falar com ele.  Percebo que a mãe de Henrique sobe apressada as escadas e vejo ela discutindo com ele pela janela.

Nosso relacionamento foi se distanciando, aos poucos Henrique não retornava minhas ligações e mensagens, raras noites  ele passava em casa, amigos chamando e sempre por perto ate que um dia em meio a uma roda de amigos ao me aproximar o vejo abraçado com Ângela.  Henrique com uma mão na cintura da garota e a outra em seu ombro enquanto que ela  com a cabeça encostada em seu peito e uma mão também em seu peito acariciando aquilo já me deixou com ciúmes, Ângela levantou a cabeça e procurou a boca de Henrique que me viu e virou neste instante a cabeça fazendo com que o beijo pegasse em seu rosto perto da boca e ele a beijou na testa, sai furioso, depois de algum tempo Henrique veio atrás de mim, me pedindo calma e dizendo que não era bem aquilo, para que eu tivesse um pouco de paciência. Eu estava com raiva, com os olhos lacrimejando de fúria, disse a Henrique que tudo bem não me assumir, mas ficar se esfregando com mulher por ai na frente dos outros e na minha cara já era demais, tentou me abraçar, mas me afastei e bem na hora que Ângela chegou.

_ Rique aqui está um pouco chato e a galera está toda se reunindo para ir para o bar do zinho, vem!

Diz Angela com sua voz melosa jogando charme para Henrique balançando a mão. Henrique olha para mim e diz que iria para o barzinho e que depois nós conversariamos. Quando ouvi aquilo, sai feito uma flecha, quase passei por cima de Ângela.

No dia seguinte eu estava saindo do trabalho quando encontro Eliot. Me cumprimentou e eu ele. Eu disse que estava ocupado e com pressa ele me pediu um minuto, se desculpava e dizia que precisava conversar comigo, insisto que aquela não era uma boa hora, fui andando e Eliot atrás me pedindo desculpas e mais desculpas, que estava em um momento difícil, mas que as coisas estavam melhorando que havia arrumado um novo emprego e que precisava que eu voltasse para ele que já estava sabendo o que Henrique tinha feito comigo e que seria bom para nós dois. De repente ao passar por um beco Eliot me empurrou para dentro segurando em meus braços, perguntei o que ele estava fazendo que ele nunca tinha sido violento assim, mas que agora não o reconhecia mais e não era aquilo que queria para mim, Eliot me pediu desculpas mas que precisava que eu o ouvisse olhando em seus olhos que me amava e que não queria fazer aquelas coisas comigo que fez por estar embriagado mas já não estava mais bebendo como antes e que precisava da minha ajuda do meu carinho para se livrar por completo do vício. Disse que eu não poderia fazer mais nada que naquele momento não queria mais ficar com ele e pedia para ele me soltar Eliot tentou me beijar e eu o empurrava, mas ele era mais forte ate que escutei um grito dizendo:

_ Solta ele!

Era Álvaro vindo ao meu socorro, puxou Eliot e eu o empurrei conseguindo me afastar, Eliot partiu para cima de Álvaro que revidou eu sem saber o que fazer, pedindo para que parassem, até que Álvaro deu um soco em Eliot que caiu meio tonto escutamos um barulho de sirene de polícia que passava na rua ao lado, mas foi o suficiente para Eliot escutar e meio cambaleando fugir.

Álvaro me perguntou se estava tudo bem, o que estava acontecendo, quem era aquele cara, porque estava me dizendo aquelas coisas e porque estava me agarrando....

 

Autor: Mrpr2

 

Continua...