Mais que bons Amigos -3-

Mais que bons Amigos -3-

 

 

Com aquelas palavras ecoando em minha cabeça fiquei triste, meu semblante que antes irradiava alegria de um sorriso agora estava fechado e pensativo decidi ir para a borda da piscina e iniciar o trabalho da escola de verdade deixando Olivia, Clarisse e Henri na mesa comendo, conversando, rindo, se divertindo.

Alguns minutos depois que eu ja estava a beira da piscina Henri chega se jogando na piscina pulando e gritando

_ Bombaaaaaa!!!!

Saltando e encolhendo o corpo se transformando em uma "bola humana" Henrique espalhou agua por todos os lados inclusive me molhando atingindo seu objetivo principal mexer comigo chamando atenção.

_ Pô cara me molhou todo!

_ Hummm então te deixei molhadinho hã? Hã? Kkkk

Diz rindo o palhaço do meu amigo dentro d'água a beira da piscina.

_ Vem aqui, o que esta fazendo? Assistindo pornô, seu punheteiro!

_ Não, estou pesquisando para fazer o trabalho de geografia.

_ Deixa isso quieto, aquela garota vai nos mandar o trabalho esqueceu?

_ "Aquela garota"? Você nem se lembra o nome dela, não é Henri?

Henri da uma mergulhada e volta saindo da piscina, parecia cena de filme aquele homem lindo, do corpo moreno esculpido, molhado, aquela sunga perfeita. Henrique se aproxima com seu jeito sexy, másculo olhando para mim como se fosse um tigre prestes a devorar sua presa. Ajeita safadamente sua sunga, tira o excesso de agua do rosto e vem ao chegar bem perto de mim coloca seu rosto ao lado do meu na minha orelha e diz:

_ Tenha certeza que me lembro perfeitamente do nome da pessoa que é especial para mim.

Nesse momento corre como uma corrente elétrica uma sensação de arrepio pelas minhas costas, minhas pernas bambeiam se eu não estivesse sentado cairia no chão. Abaixo a cabeça nitidamente envergonhado enquanto Henri estica sua mão me deixando ainda mais apreensivo, o que ele iria fazer? Qual sua intenção? Iria me abraçar ali, naquele momento? Não apenas pega a toalha e fica se enxugando em minha frente com um sorriso malicioso nos lábios me deixando desconcertado, excitado, nervoso, feliz.

_ E ai meninos, qual é a boa desta cidade?

Pergunta Clarisse chegando vestindo um biquíni e usando um chapel enorme quase um sombreiro e um óculos de sol sentando se em uma espreguiçadeira ao meu lado e eu coloco o notebook em meu colo para disfarçar minha excitação.

_ Nenhuma, aqui é interior Clarisse.

Digo.

Respondo a Clarisse.

_ Ha não! Quero agito, quero sair, ver gente, um agroboy gostoso bonito, rustico, safado...

_ Que isso? Enlouqueceu garota?

Interrompe a irmã, Henrique.

_ Preciso esquecer o Bruno.

Neste momento o computador apita informando a chegada de uma mensagem. Era o trabalho que Graziele enviou com uma mensagem reforçando o trato de ir ao cinema.

_ Pronto o trabalho chegou e eu vou para minha casa.

_ Que isso cara? Nem entrou na piscina, além disso para que ir para sua casa sendo que vamos para o cinema mais tarde?

_ Cinema? Estou dentro!

Diz Clarisse.

_ Pois eu estou fora! Não vou ficar de vela para você e aquela garota.

Digo me levantando da espreguiçadeira.

_ Que vela o que Toni? Deixa de bobagem. Além disso quem é que estava louco para assistir esse filme?

_ Pergunta Henri.

_ Eu! Mas queria ir com você!

Respondo rápido sem pensar e quando percebo que falei em voz alta fico todo envergonhado.

_ Ui! Se quiserem eu vou pro meu quarto ou seria melhor vocês irem para o quarto do Henri?

Pergunta Clarisse com olhar malicioso.

_ Nada disso Clarisse, so quis dizer que queria assistir o filme com meu amigo e não ficar de vela vendo a melação da Graziele com seu irmão, entende?

_ E quem disse que eu vou ficar de melação com essa garota? Eu disse que iria assistir ao filme com ela não que iria ficar com ela.

_ Até parece que você não conhece a Graziele. Ela fica dando em cima de você o tempo todo. Te chamando, te agarrando.

_ Sou só eu ou esta um cheiro de ciúme no ar?

Ironiza Henri.

_ Acho que também estou sentindo irmãozão. Agora só estou com um pouco de dúvida, o ciúme é em relação a tal da Graziele ou você?

Coloca mais fogo Clarisse.

_ Chega! È melhor eu ir mesmo embora!

Digo me levantando enfurecido e envergonhado, mas sou contido por Henri que segura em minha mão.

_ Solta ele Henri, não esta vendo que o Toni esta nervoso? Vocês conversam depois com calma.

_ Tudo bem.

Henri concorda com a irmã e me solta entro na casa, mas antes de entrar na sala escuto os pais de Henri e Clarisse conversando e prefiro não entrar no ambiente.

_ Chegou querida? Esta linda!

_ Obrigada querido, chegou cedo hoje.

_ Tive uma reunião que acabou mais cedo além disso estava morrendo de saudades sua e da nossa filha. Por falar nela onde esta a Clarisse e o Henri?

_ Estão na piscina se divertindo com o Toni.

_ Toni... Esse garoto...

Resmunga Olavo indo ate o bar e bebendo uma dose de whisky.

_ O que foi Olavo o que tem o Toni?

Pergunta Olivia se aproximando do marido.

_ Não sei Olivia... O Toni e um bom garoto, mas essa relação dele com o Henri... Não sei...

_ Ainda não estou intendendo Olavo? O Toni e o Henri são amigos a anos e tirando aquelas confusões típicas de crianças nunca tivemos problemas com nenhum dos dois.

_ O problema não é esse Olivia, e que...  Estou preocupado com o Henri, nunca o vi com nenhuma garota e olha que ele tem presença e o jeito que as garotas olham para ele, eu já vi elas se derretem quando ele passa e parece que ele nem liga!

_ Há Olavo, mas e claro! Aqui e uma cidade pequena ele conhece a maioria dessas garotas daqui, cresceu com elas e ele sabe que e bonito, você sabe como e homem, elas não são desafio para ele, sabe que se ele quiser “pega” fácil e nosso filho gosta de conquistar, ele gosta desse joguinho de sedução. Ele não sente que tem um desafio aqui. Alem disso os “relacionamentos” hoje são muito mais superficiais, provavelmente ele já teve varias ficantes so não apresentou nenhuma, hoje não se tem mais uma formalidade como antes.

_ Não Olivia, não acho que esse seja o caso.

_ O que você esta sugerindo Olavo? Que nosso filho é gay e esta tendo um caso com o filho da empregada? Há por favor Olavo!

_ Então porque ele não desgruda daquele garoto? Porque não tem um entra e sai de garotas aqui, ou porque ele não fica ligando e mandando mensagens para elas? Porque sempre que eu pergunto ele esta conversando com o Toni, Toni, Toni!

_ Porque são amigos Olavo! Eles tem várias coisas em comum, provavelmente estão sempre no telefone conversando sobre garotas, além disso sabe que em relação a sentimentos nosso filho sempre foi mais reservado, contido bem diferente da Clarisse.

_ Para você ver Olivia, nossa filha, nossa filhinha acabou de chegar de viajem para esquecer o namorado e nosso filho, nosso primogênito nada!

Escutei um barulho de alguém se aproximando de onde eu estava então voltei para a piscina.

_ Que bom Toni resolveu voltar e nadar com a gente?

Pergunta Henri abrindo os braços e um belo sorriso para meu lado.

_ Não, eu so esqueci... esqueci...

Eu tentava encontrar uma desculpa, mas estava com a cabeça cheia, era a voz da minha mãe em minha cabeça falando do meu lugar, eram os pais de Henri com aquela conversa que eu tinha acabado de presenciar, era a minha própria voz me dizendo para ficar longe do Henri, mas ao mesmo tempo pedindo para eu não perder tempo e agarra lo com todas as minhas forças.

_ Não, fica mais um pouco, nem entrou na piscina ainda.

Diz Henri se aproximando ainda mais de mim.

_ Não quero mais. Eu preciso ir embora.

Mas como eu iria subir no quarto do Henri para buscar minhas roupas? Não queria encarar os pais dele naquele momento. Talvez se eu pedisse para minha mãe...mas ela iria ver a minha regata no banheiro molhada, o que ela iria pensar sobre isso? Afinal ela já estava desconfiada de que algo estava acontecendo, mas na verdade não estava acontecendo nada ou estava?

_ Mas eu ate te emprestei minha sunga.

Fala Henri.

_ Quer ela de volta agora?

Respondo irritado.

_ Não, o que eu quero é isso!

Diz Henri me empurrando na piscina pulando logo em seguida após dizer:

_ Eu sempre consigo o que eu quero!

Clarisse reclama da agua que espirrou nela, mas Henri diz para ela deixar de bobagem e entrar na piscina também.

Brincamos na piscina jogando agua, afundando um ao outro.

De repente Clarisse grita.

_ Pai!!!!

Saindo da piscina e indo de encontro com o pai que a abraça e se depois percebe que a filha tinha acabado de sair da piscina e o molhado todo, os dois se riem com o acontecido. Olavo nos cumprimenta e diz a Henrique que mais tarde quer conversar com ele, o que me deixa extremamente desconfortável e nervoso. Olavo e Clarisse continuam conversando sobre a viajem da garota enquanto Henrique vem para meu lado continuar ame afundar e jogar agua em mim, mas eu não estou no clima e fico tentando diminuir o entusiasmo de Henri ao mesmo tempo que tento me afastar dele principalmente por que seu pai apesar de estar conversando com Clarisse não tirava os olhos da gente.

Mais tarde ao chegarmos no shopping e Graziele ja veio correndo de encontro com Henrique se dependurando em seu pescoço. E como eu me senti? Mordido, mordido de raiva, de ciúmes assim como meus lábios. Tenho esse "tic" morder os lábios quando fico nervoso.

_ Nossa pensei que não viria mais!

Diz Graziele.

_ Que isso gatinha, Claro que eu não ia te dar bolo. É que minha irmã chegou de viagem e resolveu vir com a gente.

_ Ei não bota a culpa em mim não, só demorei um pouquinho para escolher a roupa perfeita!

_ Sem problemas, ate melhor né? Assim ela faz companhia para o Toni, que pensei que não viria, e assim ele não vai se sentir muito deslocado né?

_ Deslocado? O Toni? Porque? Ele esta doido para assistir esse filme, ne não irmão?

Diz Henri se livrando de Graziela e colocando o braço em volta do meu pescoço como uma gravata me arrastando para dentro do cinema.

_ Liga não esses dois sempre foram assim desde criança, na verdade só cresceram porque continuam dois crianções!

Diz Clarisse entrando na sala de cinema com Graziele logo atrás de nós.

 

 

Continua...

 

Nota do autor: E ai gostando do conto? A família é uma instituição muito importante na vida de qualquer um e na vida de um homossexual não é diferente, embora hoje exista uma flexibilidade maior ainda existe muito desafio para com esta no sentido de acolher um membro com uma ideia sexual diferente das dos demais. E você, já teve alguma dificuldade de conversar sobre algo de sua vida com sua família por ser homo, como dificuldades no seu relacionamento, implicância de outras pessoas, agressões ou mesmo por conta do seu jeito de se expressar? Comente, fale sobre o conto de suas sugestões!

 

Autor: Mrpr2